Crônicas




 
A ESTÉTICA DA (anti) ÉTICA




Ah! A incrível ética.

Como ignorá-la? Como manuseá-la? Como concebê-la?

Cuidado com quem a usa em falso ardil.

Espreitai com receio a quem a propaga aos quatro cantos.

Vigiai os dedos trêmulos e carcomidos de quem a sustenta como escudo indestrutível, incorruptível.

Assustai com a facilidade com que ela se infiltra nos meios de comunicação e se torna bandeira anti-inflamável.

Atentai com os senhores de secretarias, repartições, assembléias, de Senado, de Congresso, Fundações, ONGs e demais órgãos; são notáveis oradores, fiéis cumpridores de ordens de outros “demais fiéis colaboradores”, que se autoproclamam éticos sem o sê-los.

Nomes sem face, sem história, apenas de signatários e dignitários de cargos (sic) comissionados.

Onde a ética ali se encaixa?

Mas cuidado! Fujai! Fujai! Que as trevas da Idade Média ameaçam com seu negrume, com seu odor infecto de sangue que banha cruzes. As perseguições ainda acontecem meus senhores e senhoras.

Ignorai a quem chega ao poder ilegítimo! Ignorai os déspotas! Os falsificadores de inverdades! Esconjurai os roubadores de opiniões, os aspiradores de vida! Lastimai os que secularmente mudam de trono, de posto, de pasto, de partido;

São como aves de rapina: garras de abutres ensandecidos: bocarras medonhas de jacarés: mandíbulas vorazes de tubarões.

Apoderam-se de tudo que lhes é fortuito, fortificante, gratificante, “entesourante”.

Engolem essas cinco letras: É T I C A, como se engole o bom vinho ou a comida lauta;

Chafurdam-se em troca de “mais uma boa mesa”, uma “boa cama”, um bom cargo, “do tapinha nas costas”, da viagem às Ilhas Caymam , à Paris, à Roma, à Davos. Ah! Davos, na Suíça! Onde está tua neutralidade, oh! Suíça?

Rezemos a oração de Davos :

“Davos a quem tem fome (de verbas)

Davos a quem tem sede (de poder)

Davos a quem tem receio (da Polícia Federal, do Imposto de Renda)

Davos a quem tem ojeriza (de povo)

Davos a quem tem astúcia (de armações, de licitações...). “E para toda Economia (do bolso) amém.”

E agora meus amigos, atentai bem:

Vedes o lobo na pele de cordeiro que lhes aproxima?

Vedes o abismo que se avizinha por sob o tapete relvado que lhes estendem essas bajuladoras mãos?

Compreendes a trama que se lhes desenrolam?

Vedes seus companheiros solícitos e sorridentes que lhes caluniam por sob sombras e becos sombrios?

Vedes o manto da invisibilidade que ostentam quando passas por vós?

Olhai, oh! Sócrates! Oh! Platão! Oh! Spinoza! Oh! Grande Aristóteles! Suspirai-vos! Remexei-vos em vossos sepulcros! Chorais pelo que fazem aqui de suas Éticas!



Até a Educação que tanto vós primaram, se vê embaciada por torpor, medo, temor e desesperança. Assim como lhes perseguiram pelo Saber aqui também o fazem.

 O Saber é que menos importa amados mestres.

 Ela se faz ausente. Somos mestres à mercê da sorte, da política suja, DO DESRESPEITO DE ENTIDADES E DE ATÉ DE PAIS.

Do descaso, da omissão, da desconsideração. Somos apenas um número e nos forçam a dar “mais números”.

 “Facilitadores de números” é o que nos tornamos, é o que somos! É o Ibope! “É o enfoque para que não se enforque”.

 A educação virou um objeto de negociação, de barganha, de decisões arbitrárias, impostas de “Cima para Baixo”, à vezes de quem jamais sequer ministrou aulas.

E credes, amigos, as retaliações incidem: políticas, econômicas, antiéticas. Perseguições de diretores autoritários por atraso, por falta, por um Nada!

 O nada é a nossa sina, o nosso futuro nesse quadro tétrico, funesto do (sic) SÉCULO XXI.

“Decisões em surdina, em bastidores”, ainda surtem efeito aqui, oh! nobres filósofos. Olhai! Olhai! Que as autoridades nos usurpam a nossa “autoridade”, mestres.

 Ocultai as Comissões de Ética: ali onde se assentam verdadeiros covis, onde víboras enrodilhadas aguardam o próximo bote. As próximas partilhas de recursos públicos.

 As próximas nomeações que vão se amofinando em porões obscuros, nebulosos, andrajosos.

Onde sobeja hipocrisia barata, nepotismo secular, desmandos escabrosos, falcatruas peçonhentas, roubalheiras faraônicas, colossais e desenfreadas; demagogismos arcaicos, provincianos...

Procurai senhores e senhoras!

 Com uma lanterna em uma mão e um bastão pontiagudo em outra.

 Cutucai pelas vielas, morros, avenidas, ruas, em condomínios luxuosos, em órgãos da Lei e da Ordem (supostamente); desentocai a Ética desses “grotões”, onde se esconde assustada, aparvalhada, amargurada, ferida, tolhida e visivelmente envergonhada pelo que fazem e falam dela.

Mas mesmo assim, coragem, busquemo-la a todo custo e sacrifício! Encontrai-a e mostrai-a!




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                                                      A VIDA DA PALAVRA


 

     A vida de uma palavra pode parecer efêmera quando é criada em frações de segundos, e quando proferida escoa pelo vento e ecoa pelo tempo.

No entanto é imemorial na intensidade e voracidade dos séculos, dos milênios. Da articula-

ção rudimentar, primitiva dos hominídeos – com seus gritos e urros guturais – passando

pelo eruditismo greco-romano até chegar ao som digital e códigos binários.

A palavra diz, fala, encanta, encabula, entristece, alegra, magoa, irrita, sorri, enlouquece, titubeia, duvida, emociona, irradia e contamina.

Na vida da palavra, há a vida nos seres vivos, nos livros sem gravura e figuras; as palavras unidas, somadas, completam um verdadeiro “ecossistema”.
 
 As palavras encerram cenários, paisagens, pessoas e coisas; odores e fragrâncias; cores, vigores e rigores.
 
Criam um mundo, um universo dinâmico, pulsante, multifacetado, multicolorido de miríades mil, num grande caleidoscópio comprimido e impresso num átimo.

Ela deflagra guerras e paz.

       Gira em torno do mundo, em outras línguas, em outros povos e em outros vezos.

Uma simples palavra como: “bom dia”, “como vai você?”, “seja bem-vindo”, “amigo”, “amor”, são universais.

A palavra FOME suplica e esmola na África, na Ásia e na América Latina.

As palavras DESPERDÍCIO e SOBRAS povoam na América e na Europa.

São duas as palavras antagônicas: POBREZA e RIQUEZA. É o topo e o abismo.

A violência, as doenças, o holocausto, são palavras duras, feias, pesarosas. A esperança, a solidariedade e a dignidade trazem consigo o tom da amabilidade e do afeto, atabafados no âmago do ser humano.

         O bom uso da linguagem suscita a alegria e a tranqüilidade no coração; torna factível a comunicação entre os homens de bem e entre suas nações.
 
 É o alimento – o maná -, que abastece e fortalece a humanidade, e que nos tornam únicos no complexo destino que Deus – sem prodições e em sua infinita filáucia – erigiu e legou ao mundo.

E no fim, o que nos resta, da vida da palavra, é a inabalável PALAVRA DA VIDA.
 
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A VIOLÊNCIA NOSSA DE CADA DIA
 
Trancafiados!Não!Não são os criminosos. Somos nós!Simples cidadãos que se escondem se ocultam por detrás de muros, grades, portas e portões;
 vidros e janelas especiais; alarmes e sirenes; câmeras, carros blindados, seguranças e cães; em nossos lares, aguardamos inertes e complacentes o próximo ato de vandalismo.
Somos reféns acuados, submissos, desprotegidos da lei (os “fora - da - lei”) e de qualquer amparo legal.
 Somos os marginais, à margem  da inoperância e da incompetência de nossos       governantes e da ineficácia do poder público .
Errados somos nós em pagar nossos impostos, taxas e demais obrigações; ás vezes até em dia! Pagamos por serviços como educação, saúde, saneamento básico, fornecimento de energia, telecomunicação e segurança.
Pagamos o serviço de vigilância e policiamento para manter a ordem. Mas que ordem?Ah!É claro!A ordem dos bandidos, a dos facínoras, a dos traficantes.
 Sim, são eles que dizem aonde devemos ir e vir; é a ditadura do crime organizado.
 Eles decretam feriados e organizam festas até; decretam greve forçada ao trabalhador; são semideuses vivendo em meio    ao caos reinante, não por eles criado, e sim pela ausência e inabilidade do pulso firme do Estado  em sucessivos mandatos e décadas de corrupção e pilhagem dos cofres públicos.
A negligência e a passividade de juízes e magistrados, facilitando habeas corpus de indiciados e criminosos; falhas de uma justiça morosa que deveria ser mais rigorosa, para que se faça sentida, aplicada com punição derradeira e encerre concretamente o meliante atrás das grades, e não nós.
Vivemos a invasão bárbara!A fatídica disseminação da barbárie sem limites e regras, tornando-se banal em nosso cotidiano.
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ATENTADOS À PAZ

 
 
Mais uma vez o mundo se mostra vulnerável e indignado com novos atentados terroristas ocorridos em março: as bombas que sacudiram Madri, na Espanha, e o assassinato sumário do líder religioso e um dos mentores dos ataques do grupo Hamas, Ahmed Yassin.
    Praticamente a Espanha foi a primeira a entrar na lista da Al Qaeda – supostamente a autora do massacre - por ter sido aliada dos Estados Unidos na cruzada anti-Saddam Hussein, no Iraque. Sentiu na pele – não, na carne mesmo - o dissabor de “compactuar” com George W. Bush em suas “incursões” pelo mundo afora. O resultado já se fez presente: vitória nas urnas do PSOE, partido socialista de José Rodriguez Zapatero, derrubando o conservador Partido Popular do primeiro-ministro José María Aznar e a imediata retirada das tropas espanholas do solo iraquiano.
    No episódio na Palestina, há quem diga que Israel apenas se vingou dos inúmeros atentados ocorridos em seu território pelo grupo Hamas e que seu líder era o “Bin Laden” palestino. Outros refutam que o processo de paz se afastará de vez naquelas plagas - onde Cristo uma vez passou – a escalada de violência aumentará.
    Mais uma vez os Estados Unidos “lavaram as suas mãos” – tal Pilatos – para os atos belicosos israelenses. Mais uma vez, o eterno conflito atravessando fronteiras, países e continentes. A interminável luta pela posse de terras. Por um punhado de terra lavado e banhado por um autêntico “Mar Vermelho” de sangue.
    Por mais incrível que possa parecer, os judeus - que lutaram por anos para obter o seu Estado, o seu território definitivo - passaram por situações semelhantes de intolerância racial, agora não permite que o mesmo se suceda para a legitimação do território da Palestina. Não seria uma incoerência, uma contradição aos seus ideais de liberdade? Então que ceda e desocupe as áreas reivindicadas. O seu poder econômico, político e militar não diminuirão com tais devoluções dos territórios ocupados, pelo contrário, somente se fortalecerá, aumentará sua influência geopolítica no Oriente Médio e cairá em crédito perante a comunidade internacional. Neste caso hipotético, os Palestinos não teriam mais motivos de causarem novas ondas de atentados. Caso o fizessem, assim e somente assim, legitimaria uma possível retaliação, não armada, mais diplomática e com apoio da mesma comunidade internacional.  Enquanto essa utopia não acontece, só nos resta as perguntas que assolam o mundo: Quando e qual será o próximo alvo?