Poesias

1)

BEM ESTAR









Agora eu vejo a lua e o céu.




Agora eu vejo estrela e mar.




Agora eu vejo o seu receio.




Que era segredo.






Agora eu vejo a sua imagem




E um frio na espinha;






Agora eu vejo nos seus gestos




Coisas simples e tão bonitas.






Agora sinto uma saudade,




Depressiva, inexplicável.






Agora sinto uma vontade,




Nociva,




Cheia de coragem






Agora eu quero ser o seu pecado




O seu juízo




Seu ultimato.






Agora eu quero




Renascer;




Sob teu poder benzinho,




Viver à sua mercê.
 
 
 
 
 
2) A FALTA QUE A SUA FALTA FAZ
 
 
A falta que sua falta faz
Me trás recordações dolorosas
Mesmo que focado em boas e belas imagens
Que o meu cérebro e meu e meu coração produzem
As fotos que tínhamos vão se esmaecendo,
Esfumando, amarelando.
De você resta uma penumbra, uma pálida sombra ao meu lado.
Vou retirando suas fotos do armário,
Da cama, do mural.
És como um morto que se velava por muito tempo,
Trajando preto, de luto
E que um dia se resolve pôr tudo pelo ar
Afastando vestígios pelos cantos da casa
Varrendo e limpando as cinzas e jogando-as no cesto de lixo.
É batendo nas cortinas, retirando o pó.
É doando as roupas, seus pertences, seu contato com o meu mundo.
Que vou me permitir perder
Vai dissipando, desaparecendo cada molécula
Daquele que um dia povoou, ocupou um espaço tão caro, tão vital
E que vai aos poucos só ficando, preenchendo a falta que a sua falta faz!


3)  A MARCHA

 

Marchemos, mesmo que as tempestades varram nosso caminho.

Marchemos, mesmo que o sol não apareça no horizonte.

Marchemos, mesmo que a noite caia em profusa escuridão.

Marchemos, mesmo que para isso teremos que atravessar vales e montanhas, cumes e precipícios, desertos e geleiras.

Marchemos, mesmo em meio de espinhos que sufocam as flores.

Marchemos, mesmo que não contentemos a todos.

Marchemos, mesmo que a intolerância teime em reinar em nosso âmbito.

Marchemos, mesmo que a incompreensão seja a nossa acolhida ao redor.

Marchemos, mesmo quando todos em volta digam “NÃO!” “É IMPOSSÍVEL”! ”VOCÊS SÃO LOUCOS”. “VOCÊS NÃO PODEM!”

Marchemos, mesmo que a nossa visão seja embaciada e não nos permita ver a estrada com exatidão.

Marchemos, mesmo que a alcatéia esteja à espreita com garras afiadas.

Marchemos, mesmo que o tempo seja o nosso adversário maior.

Marchemos, mesmo que o preço da cobrança seja constante, cruel e injusta.

Marchemos, mesmo que só nos atirem pedras e façamo-las de fortaleza imbatível.

Marchemos, mesmo que só nos atirem facas, tomemo-las e forjemo-las aço de escudo impenetrável.

Marchemos, mesmo que marchem contra nós todos os nossos algozes.

Marchemos, mesmo contra os maledicentes com seus impropérios repugnantes.

Marchemos, mesmo que a torpeza venha nos acariciar.

Marchemos, mesmo que a preguiça venha se abater.

Marchemos, mesmo que a embriaguez do ócio venha nos corroer.

Marchemos, mesmo que as vestes solenes da morte nos toque.

 Marchemos, pois o que importa e nos orienta é a nossa alma, o nosso coração, o nosso instinto, a nossa vontade, o nosso desejo de fazer sempre o melhor de nossas convicções.